terça-feira, 13 de março de 2007

Artigo no Jornal de Sesimbra (Fevereiro 2007)


Lagoa de Albufeira – Que caminhos a seguir?

A Câmara Municipal de Sesimbra todos os anos no início do verão procede à limpeza do areal com mais intensidade, instala novos caixotes do lixo e prepara os sanitários de modo a oferecer condições para uma melhor estadia na praia. Infelizmente isto não chega!
É necessário criar condições atractivas e modernas com novos espaços comerciais (bares, restaurantes, lojas de artesanato) com o objectivo de trazer mais pessoas e com isso riqueza para a região. Neste caso concreto em primeiro lugar, é necessário investir para posteriormente recolher os dividendos que na maioria das vezes não se traduzem apenas em dinheiro.
O que é que poderá influenciar a economia duma região e dinamizar o seu comércio com o objectivo de trazer mais qualidade de vida e riqueza aos seus habitantes? Qual é a forma mais racional e correcta de se fazer uma urbanização? Temos que, em primeira análise, ou pelo menos em simultâneo, criar as condições básicas ao nível de estabelecimentos comerciais (alguns de primeira necessidade como farmácias), para as pessoas se fixarem e justificar o investimento que estão a fazer. De outra forma corremos o risco de não termos sucesso.
Sendo a Lagoa de Albufeira, dada a sua proximidade com a malha urbana de Lisboa e Setúbal em harmonia com estado natural da paisagem que a envolve, um espaço por excelência para habitação própria, segunda habitação e ocupação de tempos livres é urgente que se resolvam os problemas que a afectam. Como todos sabemos, talvez o maior seja a ausência de saneamento básico e em segundo plano a falta de transportes públicos regulares, de abrigos de passageiros (os que existem estão deteriorados), a falta de manutenção das zonas verdes e a limpeza das valetas, etc.
Aquilo que de melhor temos é a praia, a localização previligiada de estar junto ao mar e tudo aquilo que isso proporciona a nível de riqueza paisagistica e não só. Tendo como pano de fundo a situação do Restaurante Príncipe Real, que continua pendente e o mesmo ameaça ruir a qualquer momento, todos percebemos que os restaurantes ou bares para serem rentáveis nesta zona terão de estar junto à praia, mas com condições de higiene e segurança de forma a dar apoio ao turismo. Porque não se pensa em demolir e criar um espaço moderno bar/restaurante à semelhança de alguns construídos há pouco tempo no Meco? Todos podem ganhar com esta mais valia: a autarquia (taxas), o ICN (manutenção da praia), utentes (um local aprazível de verão e inverno), a pessoa que exploraria este estabelecimento e a região que ganhava mais um ponto de interesse.
Pelo contrário, as entidades responsáveis dão sinais de possuirem uma linha de pensamento diferente: no orçamento de 2007 da Junta de Freguesia do Castelo não há uma única linha relacionada com a Lagoa de Albufeira e continuamos com o martírio da Estrada dos Murtinhais que com as chuvas de inverno, tornou-se quase intransitável. Não é assim que se cativa e atrai investimento... A situação criada em que pessoas apenas têm deveres e não direitos terá de chegar ao fim, pois não se pode exigir sempre sem dar nada em troca. Não faz sentido pagar-se quantias elevadas de dinheiro para desenvolvimento da região quando quem paga não está a usufruir dessas “supostas” condições e melhoramentos.
A Lagoa de Albufeira tem de uma vez por todas deixar de ser ser vista como um lugar conhecido como zona de clandestinos e barracas. Actualmente caminha a passos largos de se tornar definitivamente uma área urbana e legal (em algumas áreas já é uma realidade). É preciso que haja uma maior união entre as pessoas que aqui habitam e aquelas que têm a sua segunda habitação para dar unidade à dispersão existente.
É nesta linha de acção que tem toda a lógica a existência de um centro, entidade ou local para onde confluam os anseios da população e onde as pessoas se sintam representadas. Esse centro poderá ser provisóriamente a LIALA, onde se poderá criar um gabinete de apoio aos lagoenses para esclarecer todas ou pelo menos algumas das questões que nos preocupam a todos. Penso que o objectivo de conseguir trazer a modernidade e evolução que a Lagoa de Albufeira merece apenas será conseguido com a união e participação activa de todos. Visitem a LIALA, tragam ideias e acções que só assim podemos fazer algo para o bem do interesse de todos, pois existe um enorme esforço por parte dos seus dirigintes para dinamizar e melhorar o contexto global da Lagoa.
Finalmente desejo fazer referência à prática do Kitesurf. A Lagoa de Albufeira é, admitido pelos especialistas, um dos melhores sítios mundiais para praticar esta modalidade desportiva. Porque não aproveitar esta vantagem? Na minha opinião é uma excelente oportunidade de dinamizar e divulgar a região e com isso evoluir a vários níveis. A realidade de já existir uma escola na Lagoa poderá ser a mola impulsionadora para melhorar as condições que possuem com a construção de novas e modernas instalações de forma a dar apoio à prática da modalidade. É mais uma razão para requalificar a marginal da Lagoa onde poderão incluir a organização de campeonatos nacionais, europeus e mundiais da modalidade.
Penso que o desporto na sociedade actual bem combinado com o marketing pode atingir patamares que devem levar à divulgação da região com o objectivo de trazer novos investidores. Esta acção conduzida com sucesso e com o apoio da autarquia gera riqueza e dinamiza o comércio que, em sequência, melhora a economia do Concelho e a qualidade de vida dos seus habitantes.
Esta é mais uma das razões porque defendo que a Lagoa de Albufeira possui condições excepcionais para se tornar um local de extrema importância para Sesimbra a nível económico e social.

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