Artigo no Jornal de Sesimbra (Setembro 2006)
Apesar da Urbanização da Lagoa ser considerada um processo exemplar a nível nacional, existem situações incompreensíveis aos olhos de todos e cuja resolução deverá ser prioritária.
Não se compreende que após o pagamento de todas as infraesturas necessárias à Urbanização da Lagoa por parte das respectivas AUGIs se continuem a assistir a situações bizarras aos olhos de qualquer cidadão.
Incrivelmente, a urbanização e a praia da Lagoa de Albufeira não possuem acessos asfaltados. Ou seja, as estradas que dão acesso tanto à praia como às ruas alcatroadas são de terra batida, e dependendo da estação do ano, cheias de pó e lama, já para não falar nos buracos que vão destruindo as viaturas dos moradores. Naturalmente que esta situação é desagradável para todos e principalmente para aqueles que se sentem injustiçados, pois cumpriram as suas obrigações ao liquidar a sua parte do custo da urbanização e continuam a ter à porta os buracos, pó e lama com as consequências que todos imaginamos. Uma destas estradas é a Estrada dos Murtinhais, em que o asfalto termina a seguir ao campo de futebol do Alfarim e que se encontra em péssimo estado até à praia da Lagoa. Outra via é a Estrada do Casalão que a partir de certo ponto o alcatrão também deixa de existir. Para quando o asfaltamento destas vias de forma a acabar com os buracos e o pó criado à passagem dos carros?
O que dizer então do acesso automóvel à zona ribeirinha da Lagoa e do actual parque de estacionamento? A entrada e a saída do acesso à praia é efectuado por uma única via o que no Verão resulta em infindáveis entupimentos e problemas com a mobilidade automóvel. A juntar a isto, o parque de estacionamento é visivelmente insuficiente para o volume actual de visitas à praia da Lagoa de Albufeira. Não haverá uma solução simples e eficaz para estes problemas? A Estrada da Mata poderá ser desobstruída para servir como saída e o parque de estacionamento poderá ser alargado para sul. Ainda nos acessos, pede-se a atenção aos passeios em madeira na marginal da Lagoa, pois encontram-se deteriorados chegando a colocar em perigo a segurança física de quem ali passa oferecendo, também, uma sensação de degradação de que ninguém se deve orgulhar.
A mesma degradação é perfeitamente visível na Casa do Infantado, que já foi sede da LIALA e que serviu de cinema e que actualmente é uma venerável ruína à beira da Lagoa. Uma solução para este problema seria a sua restauração e utilização como espaço de comércio de produtos artesanais da região. No mesmo contexto de esquecimento por parte da CMS, encontram-se as zonas verdes da Lagoa de Albufeira que são, sem dúvida, uma mais valia colectiva para a urbanização. O problema é que não existe manutenção das zonas verdes o que resulta num acumular de lixo e num aspecto de desleixo total. É da obrigação da autarquia e não das AUGIs, providenciar a manutenção das zonas verdes, tal como da limpeza de estradas, passeios e recolha de lixo tal como acontece noutras zonas do Concelho.
Noutro campo, urge a construção de uma ETAR, pois não é compreensível que numa urbanização de raíz ainda se continuem a usar fossas para o saneamento e que as águas pluviais continuem sem escoamento, entupindo os sumidouros e os respectivos colectores. Não se entende porque é que a ETAR da Lagoa de Albufeira ainda não está incluída nos novos concursos de Empreitada de Concepção-Construção efectuados pela Simarsul, empresa que gere e explora o Sistema Multimunicipal de Saneamento de Águas residuais da Península de Setúbal.
Todas estas questões se colocam e são alvo de debates, pois a Lagoa cresce em população e em turistas sendo as preocupações cada vez maiores. Nesta linha de raciocínio tem toda a lógica que se crie uma nova Junta de Freguesia que abranja toda a vasta extensão de área da Lagoa de Albufeira e que dê voz à sua população. A Lagoa de Albufeira é um local que possui um extraordinário potencial e que se poderá tornar num dos principais vértices do Concelho, quer a nível económico, comercial e turistico tendo todas as condições para ser explorado. É do interesse de todos que as condições de habitabilidade e de frequência possam ser um factor convidativo à presença de todos aqueles que elegem esta região como refúgio de fins de semana e férias ou até para viver!
Vamos fazer da Lagoa de Albufeira um lugar cada vez melhor para todos!